As
aulas na Universidade iniciaram nesta terça-feira (21/01). Segunda-feira
(20/01) foi feriado comemorativo a Martin Luther King. Então as coisas começaram
a acontecer de fato. A vida retomou ao redor do campus.
E minha rotina também mudou. Além de minhas aulas de inglês, tenho atividades na
Universidade. O prof. Ramiro Jordan, que é o contato da PUCRS com a UNM e
parceiro em alguns projetos (ISTEC – Ibero-American Science & Technology
Education Consortium e outros) disponibilizou uma sala no prédio da
Engenharia Elétrica e tenho ido todos os dias. Ainda estamos providenciando na
burocracia para que eu exista na UNM e a previsão é de que até a próxima semana
eu esteja “integrado”, mas já tenho acesso à internet e ao prédio. Por
enquanto, como ainda não tenho a chave da sala em que estou, a cada vez que venho, preciso
passar na sala do professor Ramiro para que ele a abra para mim.
Agora
o tempo para escrever diminuiu. Vão ser mais alongados os tempos entre os posts e mais curtos os textos.
Inicio
pondo em dia a correspondência. Continuei recebendo recomendações para minha
vida saudável aqui. A maior parte dos e-mails que recebo de familiares e
interessados é de “recomendações”.
Todos muito interessados em cuidar da minha saúde e bem
estar, sugerindo uma série de coisas, maioria das quais, se eu adotasse,
acabariam comigo.
A Maria Joaquina (Cuca), que é hoje quase uma
maratonista, me disse que ela, que é pessoa baixa pode
caminhar num passo rápido até 6 km/h (4 milhas/h) sem ter nenhum treinamento
especial, e que alguém do “meu porte” (espero que se refira a altura e não a
largura) com certeza deve fazer isto em menos tempo. E que, portanto, 1 hora de
atividade física por dia é algo muuuuito (foi assim que ela escreveu) razoável.
Recomendou que eu refizesse meus cálculos prevendo caminhar 4 milhas/dia.
Recalculou o que eu caminharia com esta nova meta e disse que seria o
suficiente (720 km) para ir visitar minha filha Marina em São Paulo!
Mais adiante comento sobre caminhadas mais longas e
enregelantes.
Já minha
filha Verônica foi mais razoável (desta vez). Recomendou que eu adquirisse um podômetro. Indicou o do http://www.fitbit.com/, que além de tudo ajuda a controlar as
calorias do que eu for comer. “Ele (o podômetro) funciona scaneando embalagens
e consolidando todas as informações que eu “tenho lido em pacotes”.
Disse que não aprova os congelados e referendou as recomendações da
Sonia – “tem muito sal e carboidrato”. Me instigou a realizar a dieta que ela
está fazendo, a tal de “Slow Carb diet” (que eu deveria ter pesquisado no
Google). Destacou “Tu vai adorar, a gente se entope de bacon e ovos”. Pela
primeira vez me interessei nas recomendações, mas como ainda tenho algum estoque de
congelados, semana que vem vou ver isso.
A
outra filha, Marina, acreditou em mim e disse que Albuquerque parece com
Muncie, onde ela ficou também um tempo, e que são cidades sem nada para fazer.
Me disse que quando morou em Muncie, ficava praticamente
todo o tempo dentro da Universidade, e que durante os seis meses que ficou lá, foi
ao centro umas 3 vezes, não mais do que isso. “Não havia nada de interessante
para fazer lá”. As atividades da Universidade eram muito mais interessantes do
que qualquer outra coisa na cidade.
Me recomendou que nas viagens de fim-de-semana eu
alugue um carro (ou compre passagens de avião tipo Easyjet, que são bem
econômicas) e vá ao Colorado "que é muito legal". Destacou Denver e Aspen. “Acho
que você vai gostar!”
A
filha Roberta não mandou e-mail e não deu notícias. Encontrei com ela no
Facebook e pedi que escrevesse 5 frases completas contando o que andava
fazendo. Ele se esforçou e conseguiu escrever as cinco frases (no Facebook é
claro) e me deu uma ideia do que anda fazendo.
Pelo
Skype a Fabíola deixou um recado para que eu cuide para evitar o sódio (nome bonito para sal) e a desidratação, porque apesar do frio, ela pode atacar. Tenho tomado muita água Pure Life
Splash Nestle com sabores de Açaí e Limão. Compro no supermercado uma embalagem
de 6 garrafas de 500 ml por $ 1,50. Infelizmente não tem no Brasil.
Enfim,
na sessão correspondências, sugestões de caminhadas, exercícios, comida saudável,
dietas, hidratação, etc... Agradeço a todos pelas boas intenções, mas se acham
que só por que vim para os Estados Unidos vou ter de me tornar uma atleta
sarado, podem perder as esperanças. Apreciei as sugestões da Marina que não
mencionaram alimentação e exercícios.
Apesar
de não achar estimulante tenho de continuar caminhando, especialmente agora que
preciso ir a Universidade todos os dias. No sábado e domingo (18-19/01) fiz caminhadas
mais longas, de 3,5 e 5,3 milhas (veja os roteiro), e nos demais dias tenho
mantido a média de 2,5 milhas (ida e volta a Universidade).
No Novo
México o frio não é aquele que aparece nos noticiários do Brasil. Aquele frio
das reportagens é em Detroit, Boston, Nova York e outras cidades lá em cima.
Aqui, mais embaixo, o frio, até ontem, tinha sido semelhante a nosso inverno
gaúcho. Bastava um casaco e tudo resolvido.
Já estou
aqui há mais de 20 dias e o céu sempre foi azul, sem nuvens e sem chuva). Azul,
azul bem azul.
No entanto, ontem (23/01) eu realmente senti frio. O céu nublou
e a temperatura caiu. Pela manhã estava uns -2ºC e ventava forte e então deu
uma geladinha. Mesmo assim vim a pé para a Universidade, caminhando contra o
vento... (queria ver vocês, meus estimuladores do exercício, nessa...).
De tarde
melhorou, o termômetro marcou 0,6ºC, com sensação térmica de -2ºC. Tudo bem,
pois estava na sala na Universidade. Às 5 da tarde, que é quando o sol se põe
nesta época do ano, resolvi voltar para o residencial a pé. Comecei bem, o
vento era a favor e quando batia de fato, eu era empurrado para casa.
Mas
resolvi passar no super e comprar comida – meus estoque de congelados começou a baixar e precisava repor o estoque para o fim de semana. Aproveitei para pegar meu
cartão de rewards do Smith’s.
Eles tem um modelo interessante de fazer fidelização, mas vou falar disso em um
outro post. Saí do super com quatro
sacolinhas e retomei o retorno ao residencial. Bom, aí as coisas se
complicaram. Uns três minutos depois de ter saído do super não sentia mais meus
dedos. Eles ficaram de fora do casaco para segurar as sacolinhas e congelaram (não se apavorem, as fotos são só ilustrativas, não são meus dedos).
No
restante do corpo eu até que estava bem apesar do frio e do vento, mas os dedos
não resistiram. Eu ainda estava a umas 1,8 milhas de casa e meus dedos
queimavam. Parei, puxei as mangas do casaco para baixo e tentei por a mão para
dentro, funcionou, mas quando tornei a pegar as sacolas, os dedos tiveram de se
expor novamente.
Sem
solução, deixei os dedos de fora e acelerei o passo. Mais uma vez lembrei de
todos os conselhos de meus estimuladores de exercícios. Fiz desejos (roguei
praga) para que todos eles tivessem que caminhar carregando sacolas nas mesmas
condições.
A última meia milha foi quase a última. Apesar de não sentir muito
frio no corpo, comecei a sentir tonturas (frio dando tontura é novidade para
mim) e tinha dificuldade em caminhar em linha reta. Depois de pensar em algumas
alternativas resolvi que desmaiaria no meu quarto. Acelerei ainda mais e ...
consegui chegar.
Liguei
a água quente e coloquei minha mão embaixo mas doeu mais do que já doía, então
fui para debaixo das cobertas com roupa e tudo para aquecer. Recuperei rápido,
uns 5 minutos depois já estava no micro-ondas descongelando meus pratos (não
meus dedos) porque não tinha almoçado e estava com muita fome.
Sonhei
com todos vocês caminhando no frio, com dedos a mostra, “tocados” por meus estímulos
de “vamos lá, faz bem para a saúde”, e outros mais.
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