domingo, 13 de abril de 2014

Me aculturando

Recebi pedidos para retomar os relatos de minha estada aqui nos Estados Unidos (foram vários, mas acabaram sendo unificados e fizeram coro a partir do post da Pat no Facebook).
OK, vou me dedicar a elaborar alguns textos.
Mas primeiro vou comentar sobre as razões pelas quais não tenho enviado mais notícias. A primeira é que tenho estado muito envolvido com o preparativo do workshop GINET.
Para quem não sabe o que é a GINET veja no link http://www3.pucrs.br/pucrs/files/inovapucrs/Folder_GINET_-_portuguese.pdf para conhecer.
Para os mais interessados há mais em uma pasta do DropBox em https://www.dropbox.com/sh/ou9lk0dydq54fke/MLkZAx6fse/GINET (recomendo para os iniciantes o documento GINET Overview).
Bom, como sabem, preparar um workshop não é simples, ainda mais quando você está agindo sem ter a autoridade dos locais. Eu sou um professor que está passando algum tempo aqui e não faço parte da estrutura. Então, para tudo, dependo do pessoal local (que é “quase” tão burocrático quanto o pessoal da PUCRS – isso, infelizmente, me parece um mal das Universidades no mundo). Portanto tenho consumido parte substancial do meu tempo em buscar definições, acomodar pontos de vista diferentes, “rezar” para que o financiamento do evento de fato se confirme, acertar e confirmar palestrantes (brasileiros e americanos), etc. Quase tudo isso em inglês, no meu pobre inglês (ainda bem que o prof. Ramiro entende bem português).
Além disso, estamos tentando avançar em alguns projetos da GINET (Amônia, Transparent Sky, Innovation Plaza e IC2 Entrepreneurship). Alguns de vocês serão envolvidos (se já não foram) nisso. Enfim, para conhecimento geral – “Por aqui se trabalha” (e não teve feriadão do Carnaval). Então, quanto mais tempo passo aqui, mais trabalho acumulo, e isso limita minha possibilidade de escrever posts.
A segunda razão pela qual não tenho mais escrito é que ao chegar em meu quarto estou cansado e sem vontade de fazer nada. Tenho de cuidar das compras e da limpeza (que dá um bom trabalho porque aqui venta muito e no deserto levanta uma poeira que cobre tudo). Também é trabalhoso escrever agregando fotos, links e informações mais detalhadas. Tenho de pesquisar, anotar, registrar e por fim escrever. Não é uma de minhas tarefas prediletas. Assim, fui deixando, e prefiro ver filmes na televisão com legendas em inglês (ajuda para apreender, apesar dos filmes, na maioria, eu já ter visto). Portanto, apesar de retomar com este post não esperem relatos periódicos.
O dia-a-dia
Não tenho qualquer razão para não simpatizar com Albuquerque. É uma cidade ampla, limpa, organizada, com uma fantástica infra-estrutura e universidade, mas, para quem não tem carro, não recomendo.
Albuquerque - uma cidade espalhada ao pé da montanha
Aliás, creio que posso estender essa recomendação a maioria das cidades americanas espalhadas – que são a maioria das cidades médias dos EUA. Sem carro, por aqui, você não é ninguém – já havia falado sobre isso antes.
Com exceção das grandes cidades que tem um sistema de transporte público de massa (conheço New York e San Francisco – e ainda assim com algumas reservas) nas demais tudo é planejando e construído na presunção de que você dispõe de um carro para se locomover.
Aqui em Albuquerque os núcleos concentradores que dão vida a cidade são os shoppings (que reúnem o comércio e os restaurantes, e em torno dos quais instalam-se os grandes varejistas). Então, se você precisa viver a cidade você faz shopping – a realização da essência do capitalismo – o consumo. Só que estes núcleos, ficam longe um do outro e são cercados de estacionamentos que ajudam a tornar ainda mais longínquos os acessos aos pobres pedestres.
Imagina chegar a pé num shopping como este!
Fora dos núcleos concentradores a cidade é plana. As pessoas vivem em casas e não em apartamentos. Não é fácil encontrar edifícios residenciais. Então imagine transformar todos os prédios residenciais de Porto Alegre em casas e espalhar pela geografia local – seria uma muito grande Porto Alegre – é assim Albuquerque. Espalhada, ampla, tudo longe para quem não tem carro. Se estiveres pensando em viver por aqui inclua um carro em seu kit de sobrevivência.
Nesta espraiada cidade eu tenho ido diariamente a Universidade. Ou vou com o shuttle do residencial, ou vou de ônibus, ou vou a pé (só em casos excepcionais). Chego lá pelas 9h e vou para a sala que tenho lá (já falei sobre ela). Não tenho almoçado. Levo algo para comer e fico até as 17:15h quando saio para pegar o ônibus de volta que passa às 17:36h. Eventualmente há reuniões, presenciais ou por Skype. Como preciso comprar mantimentos, algumas vezes volto a pé da universidade passando pelo supermercado – Smith’s (descobri uma máquina comedora de moedas no super – falo sobre ela depois).
Ao chegar no apartamento (cheio de sacolas quando passo no super) me atiro na cama, ligo a TV e acesso o Ipad – conectado fico até dormir. Neste meio tempo, em alguns dias, faço a limpeza e lavo a roupa (tem máquinas no Residencial a prova de inexperientes e é fácil lavar e secar). De vez em quando, muito de vez em quando, ainda atualizo minhas burocracias (pago contas e faço o imposto de renda).

Atividades extra-classe
Ainda do tempo em que por aqui estavam o Minotto e o Salvador (do Hospital São Lucas e que estavam visitando as áreas da saúde da UNM) fomos almoçar no 66 Diner (1405 Central Ave NE, Albuquerque, NM 87106). É um restaurante clássico da Route 66. Mantêm a mesma arquitetura e decoração da época áurea da rota.
66 Diner de dia
66 Diner a noite
Há vários restaurantes deste tipo na hoje Avenida Central, que foi a antiga 66. É interessante observar a arquitetura e o formato de atendimento – com garçonetes que vão às mesas para colher os pedidos e depois fazem as entregas, exatamente como se vê nos filmes americanos.
Área de atendimento no balcão
Área de atendimento nas mesas com garçonete de prontidão

Nas fotos é possível identificar bem estas características.

Em um fim-de-semana fomos visitar Santa Fé. Santa Fé é a capital do Estado do Novo México sede do Condado de Santa Fe. Tem área de 119,2 km², e 67.947 habitantes. É a quarta cidade mais populosa do Novo México. Fomos e voltamos de trem, pela NM Rail Runner Express.



Partimos da estação Alvarado no centro de Albuquerque.
Estação Alvarado no centro de Albuquerque



Minotto e Salvador na estação Alvarado na chegada do trem
No caminho cruzamos com os passeios de balões.
Albuquerque hospeda em Outubro um festival de balonismo (Albuquerque International Balloon Fiesta) que eles intitulam The World’s Premier Balloon Event. Este evento ocorre no Ballon Fiesta Park de onde saem todos os passeios de balões. A ferrovia passa ao lado deste parque. A foto a seguir tirei de dentro do trem enquanto passávamos pelo parque.
Balões ao lado da ferrovia
O centro histórico de Santa Fé é todo orientado ao turismo e às artes.
São prédios antigos, conservados, nos quais se instalam lojas de artesanato e atelies de artistas renomados. Nas ruas circundantes a maior parte das casas são atelies. Há uma concentração excepcional de escultores e pintores de excelente nível. As obras de arte expostas são de fato obras de arte, e apesar de não ter visto preços expostos, não creio que tenha visto nada que custasse menos do que US$ 1.000.
Nas fotos algumas imagens da ruas históricas de Santa Fé.
Casa em Santa Fé utilizada como ateliê

Outra casa em Santa Fé utilizada como ateliê

Pátio de casa utilizada como ateliê em Santa Fé

Escultura no pátio de casa em Santa Fé

Escultura em pátio de casa utilizada como ateliê

Outra casa ateliê

Depois, tem mais... (inclusive da máquina que come moedas).

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